sexta-feira, 28 de maio de 2010

O triste episódio ocorrido durante as obras da estrada Belém-Brasília

No dia 15 de janeiro de 1959, quando os operários trabalhavam na abertura da mata, em Açailândia (MA), para a construção da estrada Transbrasiliana (Belém-Brasília), uma árvore foi derrubada e atingiu a barraca onde se encontrava o engenheiro Bernardo Sayão, ferido gravemente. Aos 57 anos de idade, não resistiu, sendo o primeiro corpo enterrado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.

Formado em Agronomia e Medicina Veterinária, Bernardo Sayão visitou pela 1ª vez o Estado de Goiás, em 1939, quando demonstrou interesse pela região e desenvolveu alguns trabalhos.

Em 1941, Getúlio Vargas lhe incumbiu a direção da implantação de uma Colônia Agrícola no interior de Goiás; concluiu a estrada de 142 km que ligava a Colônia Agrícola à cidade de Anápolis, em 1944; foi eleito Vice-Governador do Estado de Goiás, em 1954; foi nomeado como um dos diretores da NOVACAP, em 1956; e, por fim, em 1958 aceitou a proposta de Juscelino Kubitschek para construir a estrada Transbrasiliana (Belém-Brasília), em que acompanhou pessoalmente as obras. Mas o acidente o impediu de presenciar a inauguração de Brasília e a rodovia Belém-Brasília.
Patrícia Faria

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Acordado por Juscelino kubitschek

Imagine que esta no meio da imensidão do cerrado dormindo em um rancho de pau a pique – casa construída com madeira do cerrado, barro e folhas de buriti para o telhado – quando de repente batem a porta. Foi assim que aconteceu com José Braz, um dos primeiros moradores da região conhecida hoje como Metropolitana e que faz parte da cidade do Núcleo Bandeirante.
Segundo Zé Braz, que mora naquela região desde meados de 1957, foi acordado pelo então presidente JK e Bernardo Saião, que bateram a porta e perguntaram “o que você está fazendo aqui” com um tom brincalhão, que responde com seu jeito simples “eu moro aqui”. Só depois de alguns minutos Zé se deu conta de quem estava a sua frente. Começou acreditar depois de muita conversa com os novos amigos.
Foi o primeiro funcionário contratado pela empresa Metropolitana que construiu parte do aeroporto de Brasília. “Aqui só tinha eu e os bichos”, relata. “Bernardo Saião não destratava ninguém, pra ele tanto fazia ser pião ou presidente”. Depois de alguns anos trabalhando para empreiteira foi transferido para Novacap, onde aprendeu a dirigir para transportar areia para nova capital.
Ele lamenta não ter recebido nada em troca de tanto trabalho e dedicação. “Naquela época tudo era difícil, o que eles mandavam fazer, nos fazíamos! O salário era pouco demais não dava pra nada”.
Com 78 anos, o único imóvel que tem ele tem, é um lote com dois barracos velhos adquiridos com a economia da vida inteira.






Auditório Garcia Neto reúne acervo histórico e comunidade do Núcleo Bandeirante

O Auditório Garcia Neto, localizado no centro do Núcleo Bandeirante, conta um pouco da História da construção de Brasília. Um espaço pequeno de forma arredondada, mas bem simpático. No local é possível o visitante ver fotografias do início da construção da nova capital. São mais de duzentas fotos históricas. É possível ver fotos famosas como a primeira missa, onde o presidente Juscelino Kubitschek é flagrado chorando de alegria pelo êxito.
O auditório, porém, não é tratado com o carinho que merece. Para visitar o local é necessário pedir a chave ao guarda, que fica na portaria da administração. Não há uma pessoa com o conhecimento necessário para explicar ao visitante a história e o significado das fotos. Nem sequer um livro de visitantes existe para registro de presença.
O local é destinado às reuniões da comunidade, apresentações teatrais, de dança, demonstração de capoeira e outras atividades.
Mesmo com o, pouco caso, como é tratado o auditório, para visitá-lo é fácil, fica na 3ª. Av. Praça Padre Roque – Projeção 02, em frente a Administração do Núcleo Bandeirante.

Adahiuton Belloti

Poema-cordel de João Bosco Bezerra Bonfim que inspirou autor do filme “O Vaqueiro Voador”

Quem em noite de lua
Da Esplanada dos Ministérios
Se aproxima há de ouvir u'a
Voz que ecoa, entre blocos
E um aboio assim sentido
De onde vem? Mistério.

Se aqui não há bois
Se não pastam nestes gramados
Vacas, touros, marruás;
De onde vem esse aboio,
Que bichos ele conduz,
Que ameaças nos trará?

Que segredo esconde
Essa aparição medonha
Será milagre de Deus,
Será alguma peçonha?

Se quer saber então ouça,
Não faça cerimônia.

João Bosco Bezerra Bonfim

sábado, 22 de maio de 2010

Metropolitana, bairro histórico do Núcleo Bandeirante

A Metropolitana, espécie de bairro do Núcleo Bandeirante, teve a sua origem no acampamento montado para abrigar os engenheiros e trabalhadores da Companhia Metropolitana de Estradas, empresa responsável pelas obras de terraplanagem da pista de pouso de aviões, futuro aeroporto de Brasília. Com o adensamento populacional do Núcleo, a Metropolitana integrou-se ao tecido urbano da cidade. A fixação da Metropolitana também ocorreu com a luta dos moradores, em 1983. O parcelamento proposto para a fixação tentou, de alguma forma, manter o arruamento original do acampamento, mas a rigidez da legislação urbana, que não foi adaptada às necessidades da preservação de uma localidade remanescente de um acampamento pioneiro, acabou por contribuir para a descaracterização do local.


Com a urbanização, a Metropolitana perdeu as características históricas. Porém alguns monumentos foram preservados como a bica d’água, o campo de futebol, a Igreja Nossa Senhora Aparecida e a Escola da Metropolitana (hoje Centro de Ensino da Metropolitana), esta última, tombada como patrimônio histórico do DF.

Filme de Manfredo Caldas relata a história de Brasília que nunca foi contada

O filme “O Vaqueiro Voador” de Manfredo Caldas revela fatos ocorridos durante a construção de Brasília. São relatos de pioneiros que vivenciaram as dificuldades e tragédias para a construção da cidade que em 21 de abril completou 50 anos.
Não se sabe exatamente quantos operários caíram do alto desses prédios que atualmente abrigam ministérios, congresso, tribunais. Muitos foram enterrados em valas, cobertos com o concreto que hoje pisamos.
O tal 28, como era chamado o atual Congresso Nacional, foi a obra que contabilizou o maior número de mortes.
O fim do dia de trabalho para esses operários era sempre uma incógnita. É o que relata um pioneiro, personagem do filme: “Entrava no serviço sete horas, quando era nove, dez horas já tava morto. Morreu gente demais. Nossa Senhora! Deus me livre! Uma tristeza!” Foi usado um método diferente na construção desse prédio. Ao invés de levantar andar por andar, a estrutura metálica foi erguida de uma só vez até o 28º pavimento.
Os operários não tinham descanso, trabalhavam nos fins de semana e varavam noites. Sem segurança, o serviço não podia parar. “Foi uma tristeza! As obras aqui em Brasília foi o pior serviço que já deu pra todo mundo.” É o que conta outro personagem do filme.
O objetivo do filme é mostrar uma face de Brasília que não é mostrada.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Núcleo Bandeirante ou Cidade Livre

A Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante, foi o local onde os operários eram recrutados para trabalharem na construção de Brasília. A cidade foi aberta pela Novacap, no final de 1956, para fazer parte das obras de infra-estrutura, necessárias à construção da nova capital.


Os comerciantes instalados na Cidade Livre tinham direito de uso do terreno sem custos, pelo prazo de 3 anos, daí a origem do nome. A idéia era de extingui-la, em 1960, com a inauguração de Brasília. O que não ocorreu devido a um movimento de moradores e usuários da cidade que reivindicavam a sua fixação. A Lei nº 4.020 de 20/06/61, do Congresso Nacional, criada durante o governo João Goulart, decretou a fixação da Cidade Livre. Com isso, o movimento passou a lutar pela implantação da infra-estrutura necessária a uma cidade: água, luz, rede de esgoto, pavimentação, entre outros. Com a deposição de João Goulart, em 1964, pelo golpe militar, o movimento começou a enfraquecer. Naquele momento, os movimentos sociais organizados passaram a ser vistos como foco de agitação política, o que culminou com a prisão do líder do movimento, acusado de ser comunista.

Hoje, o Núcleo Bandeirante é uma Região Administrativa de Brasília, com aproximadamente 36.000 habitantes. Não dispõe de autonomia político-administrativa, sendo seu administrador indicado pelo governador de Brasília. Totalmente urbanizada, a cidade possui um comércio forte, onde se destaca o setor atacadista.

São vários os pontos turísticos, destacando-se a Igreja da Metropolitana, construída em madeira e tombada pelo Patrimônio Histórico; a Paróquia Dom Bosco, erguida no mesmo local onde o Padre Roque iniciou a construção original em madeira; o Mercadão, antigo Mercado Diamantina, que abriga comércio diversificado e restaurantes de comidas típicas de vários estados, principalmente do nordeste; a Casa do Pioneiro, construção em madeira onde funciona uma Biblioteca Pública; e o Museu Vivo da Memória Candanga, conjunto formado por construções em madeira, e pela Escola do Saber Fazer, que oferece cursos de artesanato, principalmente cerâmica, aos menores da cidade.

Patricia Faria